sábado, 3 de maio de 2008

é proibido proibir...

Ao som de:
Planet Hemp - Não Compre, Plante! / Queimando Tudo / Quem tem seda?







Estive desde semana passada querendo tecer comentários (alguns sórdidos, outros nem tanto) sobre a Marcha da Maconha, que se realizará em diversas capitais do mundo neste domingo, dia 04/05.

E, mais um ano se passa e me espanto com tamanho "desassussego" que o debate sobre a erva provoca nas pessoas...

Ou então, como diz Gabeira, "dizer 'maconha' é espalhar um rastro de discórdia".

Pra mim, esse é um debate mais do que necessário. Não apenas sobre a cannabis - considerada droga "leve" -, como também sobre as drogas lícitas que correm por todas as ruas nas mãos de adultos, gestantes e crianças, cenas já naturalizadas em nosso meio social. O debate deve ser estimulado sobre todo o processo de acovardamento do Estado e de suas políticas públicas, que criminalizam e condenam moralmente o usuário por sua conduta "antisocial". Tratamento? Pra quê?

por que não dar um tapa na pantera? só...

Dizem as más línguas que Cleópatra já puxava um "béqui ". Dizem também que foram as sociedades árabes e africanas que trouxeram a dita-cuja ao território americano, em suas jornadas marítimas bem antecessoras às naus portuguesas e espanholas. O uso da marijuana buscava a proximidade da divindade, da plenitude. Também, como utilitário medicinal aos diversos males que acometiam as populações.

Até hoje, a discussão científica é complexa, inconclusa e possui diversos interesses... só pra lembrar, no ano 2000, cientistas da Califórnia chegaram à conclusão de que o fininho dá câncer e cientistas ingleses concluíram que a ganja cura câncer. Dizem até por aí que puxar um baseado é melhor que morfina... Dá pra entender?

Ah, e a Constituição dos Estados Unidos foi escrita em papel de cânhamo - um dos "filhos" da cannabis... - apesar de plantio proibido. Mas alguns magnatas do eucalipto não podiam ter concorrência nem do cânhamo, muito menos dos imigrantes mexicanos chapados que atravessavam a fronteira...

Nos anos 50-60, a situação foi interessante. A erva ascende socialmente, e os filhos da classe média/alta começam a se interessar pelo fumacê. Houve quem dissesse que os cigarrinhos provocavam apatia e desmotivação, e que por isso, tendiam à diminuição da produção dos trabalhadores que faziam seu uso. Os jovens, porém, na busca da liberdade, usavam e abusavam dos bagulhos.

E, em plena época de crescimento absoluto da produção de petróleo, é impossível ao imperialismo pensar que Henry Ford poderia ter pensado e criado um carro movido à cânhamo...

aperta, puxa, prende... e passa... só...

Ah, claro, não precisamos ir tão longe. Os negros africanos, tais quais os mexicanos, sofreram (e sofrem) com o abismo social aqui nesta terra, já que, além de pretos, são maconheiros sociais.

E os diversos líderes mundiais normalmente entram nesse debate com 10 pedras na mão contra a mary jane. E outros "representantes" - aqueles mesmos lá de Brasília, são os mesmos que estão por trás dos grandes traficantes cariocas e paulistas, gerando a discórdia e os atritos sociais. Até porque Maconha, palavra de origem africana, é planta de Exu, o orixá da comunicação, mais conhecido como o Satanás na visão judaico-cristã. Aí fica difícil fumar o cigarrinho do diabo...

Se o debate é urgente, então que o façamos. Um dos exemplos é o II Seminário Maconha na Roda - Políticas Públicas em diálogo com a sociedade civil, que vai acontecer na Federal da Bahia, nesta semana. Reiterando que TODOS os eventos marcados para esta semana, em todo o mundo, proíbem o uso, manuseio, troca e venda de drogas, devido sua ilicitude. Descriminalizar, legalizar, sei lá. Precisamos é discutir realmente o que acontece em nosso meio.

Precisamos também refletir sobre os males que as drogas causam nas pessoas. Antes de tudo, é um problema de educação e saúde pública. Por exemplo, não existe um debate concreto na formação dos profissionais em saúde: existe sim um inculcamento de que "drogas são ruins; trate os seus pacientes; chame a polícia." Ondes estás tu nessas horas, Ministro da Saúde, Temporão? Passando repelente?

Quantas drogas alucinógenas existem em nosso meio e continuamos a tragá-las diariamente? O que não pode é o que o Ministério Público anda fazendo por todo o país, proibindo as marchas, chamando-as de apologias ou dizendo que são apoiadas por traficantes. Este órgãos vêm sim contrariando a ordem pública pelo simples apelo ao status quo, à manutenção das correntes ideológicas hegemônicas; contrárias ao direito à expressão e debate dos diversos grupos neste país. Hoje o que é buscado é o debate, o diálogo com todos, algo que este governo não permite fazer em diversas áreas. Quem tem medo das palavras?

Ou será que agora só poderemos fazer ONG's "chapa-branca", atos "contra a violência" ou "a favor de Isabella"?

Esta é a opinião do Leleco sobre a Mary. Reitero que este post tem nome, sobrenome, email e apelido e estou utilizando deste espaço democrático para meu livre direito à expressão de idéias e opiniões - até que o MP resolva dizer o que não podemos dizer...

Se tivesse a Marcha em Maceió, eu iria. Ainda, puxaria um (um maluco pra ir comigo...). No mínimo, alguns dirão que estou fazendo apologia. Ainda, que estou aprontando seda. Ou então, verificariam a ponta de meus dedos amarelos e concluiríam que estou queimando tudo até a última ponta.

O que não acho mais conveniente é deixar a fumaça baixar...

PS: Estudemos mais antes de reproduzirmos as idéias e sentenças de outrem!!!

Algumas fontes: novo livro do Gabeira; Revista O Dilúvio; Rádio CBN - Cony e Xexeo; Marcha da Maconha 2008, o filme-musical "Hair", baseado numa peça da Broadway, que fala sobre muitos assuntos na década de 70...


2 comentários:

André disse...

Quando forem discutir a maconha, lembrem-se de discutir o consumo de cervejas, vodkas, cachaças e afins...

Anônimo disse...

Bom texto, meu caro!


Ah... não se apaixone não com a minha crônica afetiva. É só para donzelas... rsrs
Valeu!