sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Cem Ordem, Cem Progreço

Muitas escritas começam de um papel em branco. Se o caro leitor for implicante, pode me questionar: e que papel não está em branco antes de se escrever? Mas não é isto que eu quero dizer. Quero dizer que o branco do papel ou o cremezinho do papel reciclado nesses dias tão pseudoecológicos podem inspirar. Inspirar o quê? Inspirar para quê?
Uma vez me perguntaram se eu gostaria de escrever um livro.

- Não. A princípio, não.
- Sério? Você não gostaria de escrever um livro?

Ora, a princípio não. O que escrever se, no momento, eu não tenho nada para escrever? Convenhamos, já existem livros suficientes que não dizem nada. Nada, são desperdício puro. Pura utilização inútil de papel. Papel que nos tempos ainda pseudoecológicos dificilmente são ou serão reciclado. Então, não. A princípio, não.
Já pensaram que, nem se gastássemos a nossa existência inteira lendo, conseguiríamos ler tudo o que foi escrito? Desse tudo, nem o tudo que nos interessa. E deste, nem o tudo que nos seria importante. Não leríamos, nem se quiséssemos. Mas e quem iria querer?
Época de campanha política, a tal da febre terçã com interstícios maiores. Um candidato diz: “precisamos colocar duas professoras no ensino fundamental para alfabetizar nossos jovens”. De que adianta? Coloquem duas, três, seis, doze. Coloquem quantas quiserem. Se nenhuma delas tiver preparo, uma boa capacitação, será o mesmo que não ter professora. Nenhuma professora, entenderam? Qualidade não é quantidade, já ouviram isso? Nem o vice é o versa.

- Nome de novela com a letra i?
- Iscrito nas Istrelas.

Para onde vai este país? Deveria ir para a escola.

[O autor deste texto se inclui no direito de ir/voltar para a escola. Aulas de português seriam muito gratificantes]