sábado, 31 de maio de 2008

Salve o Verde

Site Click Árvore Caramba. Há algum tempo atrás, mandei um email pros meus contatos fazendo propaganda do Click Árvore. Para quem ainda não conhece, trata-se de um site onde se pode plantar uma árvore por dia. A árvore será plantada em um dos locais cadastrados pelo projeto, que engloba vários estados brasileiros. A idéia é tentar reconstituir uma parte da Mata Atlântica. Das inúmeras pessoas, umas duas ou três continuam plantando as árvores diariamente. Na minha opinião, isso é preocupante. A humanidade entra praticamente diariamente na internet para conversar no messenger ou para olhar o email. Será que não poderia gastar alguns segundos para ajudar a plantar uma arvorezinha?

E vêm os discursos:

- Ih, esqueci...

Isso mostra o quanto que se pensa hoje em dia nas "causas sociais". Mas só se pensa. Muito papo e pouca ação. Todos têm na ponta da língua que temos que pensar no coletivo e blá-blá-blá. Mas não dá pra lembrar de plantar uma árvore num site?

- Ah, mas como eu vou saber que plantaram mesmo a árvore?

Putz! Essa é medíocre. O site é gratuito e só se leva uns segundos, como eu disse, pra plantar a árvore. Ele mostra o local onde será plantada a árvore e disponibiliza fotos do terreno e, posteriormente, as das mudas já plantadas. Mas, mesmo assim, se não mostrasse e daí? Não se perde absolutamente nada plantando virtualmente a árvore. Cada um faça a sua parte e se quiser fiscalize o projeto, mande emails pedindo maiores informações ou coisas do tipo. Mas faça alguma coisa, ora bolas.


Propaganda (re)feita. Prometo que não dói nada.

Toca viola
Toca viola, violeiro
Segura o ritmo
Segura o ritmo, batuqueiro
Entra na roda
Entra na roda, milongueiro
Pois estão chegando
Estão chegando os partideiros
Cantando assim:
Salve o Verde
Salve o Verde

Deus salve o Verde
Que o homem está acabando
E construindo o Cinza
Salve o Verde
Salve o Verde

Tá faltando grama nesse jardim
Tá faltando árvore nessa cidade
Tá faltando oxigênio nessa atmosfera
O que será, o que será, o que será,
o que será da biosfera?
O que será, o que será, o que será,
o que será da biosfera?

Salve o Verde
Salve o Verde
Salve o Verde

(Jorge Ben)

terça-feira, 27 de maio de 2008

esperando a primavera

Ouvando: Radiohead - Jigsaw Falling Into Place

me deu uma vontade eterna de chorar. muito. derramar lágrimas sem fim. derramar dores e rancores sem parar.

será que sonhar é tão ruim? será que atitudes/opiniões/decisões sempre estão erradas? porque a encruzilhada insiste em aparecer?

sim... uma vontade febril.

e chorei...

chorei porque nem sempre quem tem paciência histórica continua esperando alcançar algo lá na frente. nem sempre a paciência histórica ignora tantos erros e equívocos.

sonhos, lutas, brigas, rompimentos... voltar atrás... dá vontade de chorar...

e chorei.

faltaram-me ombros para enxugarem meu escorrer de lágrimas. faltaram-me sons, palavras, sílabas...

sobraram-me lágrimas...

sobraram-me dúvidas, reticentes e recorrentes...

procuro ainda a esperança mais do que histórica de que maios de luta virão na próxima primavera, vermelha...

procuro mesmo a solidão... ela estava aqui... alguém a viu por aí?

domingo, 11 de maio de 2008

Deixa Chover

O Hipopótamo que só queria ser sequinho. Aguada de nanquim. Alice Prina. http://aliceprina.wordpress.com/Ontem todos os integrantes deste blog estavam novamente reunidos em um evento. Desta vez, tratava-se da 10ª edição do Femusesc, que contava com o show do Zeca Baleiro pra encerrar a noite. Na verdade, o festival começou na sexta. Mas, em virtude do aguaceiro, resolvi ficar em casa e acabei perdendo o show da Roberta Sá.
Entretanto, ontem eu fui. O tempo deu uma melhorada pra que a gente pudesse chegar lá. Primeira atração, um grupo de percussão. Começa a chuviscar. Início do festival. Chuva aumentando, chão alagando. Começo do show do Zeca Baleiro. Já estávamos praticamente com água no tornozelo.
No meio de tudo isso, duas imagens ficaram na minha mente. Um senhor e uma senhora. O senhorzinho, baixinho e mirrado, com um ramalhete de rosas na mão para vender, tentava passar pela multidão alucinada pelo show. Enquanto isso, o tão bem humorado povo tentava roubar uma de suas rosas sem que o senhorzinho percebesse. Já a senhorinha tentava passar pelo pessoal com uma sacola, recolhendo as latinhas que o tão bem educado povo jogava no chão. Tudo isso no escuro, no barulho e no molhado, além do frenético empurra-empurra costumeiro.
Minha geração revolucionária não viu nada disso. Havia um pessoal do movimento estudantil – pelo que soube, simpatizante do PSTU – que vendia a "cerveja dos proletários"...
Enfim, alguns se divertem, outros sobrevivem.
De minha parte, tentei me divertir. Pulei feito um louco com os meus sapatos encharcados. E, no final, tudo acabou bem. Pelo menos pra mim.
O Zeca Baleiro cantou o refrão de uma música do Guilherme Arantes. Esse aí vem me perseguindo desde o réveillon...

Certos dias de chuva
Nem é bom sair
De casa, agitar
É melhor dormir

Se você tentou
E não aconteceu... Valeu!
Infelizmente nem tudo é
Exatamente como a gente quer

As pessoas
Sempre têm
Chance de jogar
De novo e errar
Ver o que convém

Receber alguém
No seu coração, ou não
Infelizmente nem tudo é
Exatamente como a gente quer

Deixa chover
Ah! Ah! Aaaaaaah!
Deixa a chuva molhar
Dentro do peito
Tem um fogo ardendo
Que nunca vai se apagar

Deixa chover
Ah! Ah! Aaaaaaah!
Deixa a chuva molhar
Dentro do peito
Tem um fogo ardendo
Que nunca, nada
Nada vai apagar!

(Guilherme Arantes)

sábado, 3 de maio de 2008

é proibido proibir...

Ao som de:
Planet Hemp - Não Compre, Plante! / Queimando Tudo / Quem tem seda?







Estive desde semana passada querendo tecer comentários (alguns sórdidos, outros nem tanto) sobre a Marcha da Maconha, que se realizará em diversas capitais do mundo neste domingo, dia 04/05.

E, mais um ano se passa e me espanto com tamanho "desassussego" que o debate sobre a erva provoca nas pessoas...

Ou então, como diz Gabeira, "dizer 'maconha' é espalhar um rastro de discórdia".

Pra mim, esse é um debate mais do que necessário. Não apenas sobre a cannabis - considerada droga "leve" -, como também sobre as drogas lícitas que correm por todas as ruas nas mãos de adultos, gestantes e crianças, cenas já naturalizadas em nosso meio social. O debate deve ser estimulado sobre todo o processo de acovardamento do Estado e de suas políticas públicas, que criminalizam e condenam moralmente o usuário por sua conduta "antisocial". Tratamento? Pra quê?

por que não dar um tapa na pantera? só...

Dizem as más línguas que Cleópatra já puxava um "béqui ". Dizem também que foram as sociedades árabes e africanas que trouxeram a dita-cuja ao território americano, em suas jornadas marítimas bem antecessoras às naus portuguesas e espanholas. O uso da marijuana buscava a proximidade da divindade, da plenitude. Também, como utilitário medicinal aos diversos males que acometiam as populações.

Até hoje, a discussão científica é complexa, inconclusa e possui diversos interesses... só pra lembrar, no ano 2000, cientistas da Califórnia chegaram à conclusão de que o fininho dá câncer e cientistas ingleses concluíram que a ganja cura câncer. Dizem até por aí que puxar um baseado é melhor que morfina... Dá pra entender?

Ah, e a Constituição dos Estados Unidos foi escrita em papel de cânhamo - um dos "filhos" da cannabis... - apesar de plantio proibido. Mas alguns magnatas do eucalipto não podiam ter concorrência nem do cânhamo, muito menos dos imigrantes mexicanos chapados que atravessavam a fronteira...

Nos anos 50-60, a situação foi interessante. A erva ascende socialmente, e os filhos da classe média/alta começam a se interessar pelo fumacê. Houve quem dissesse que os cigarrinhos provocavam apatia e desmotivação, e que por isso, tendiam à diminuição da produção dos trabalhadores que faziam seu uso. Os jovens, porém, na busca da liberdade, usavam e abusavam dos bagulhos.

E, em plena época de crescimento absoluto da produção de petróleo, é impossível ao imperialismo pensar que Henry Ford poderia ter pensado e criado um carro movido à cânhamo...

aperta, puxa, prende... e passa... só...

Ah, claro, não precisamos ir tão longe. Os negros africanos, tais quais os mexicanos, sofreram (e sofrem) com o abismo social aqui nesta terra, já que, além de pretos, são maconheiros sociais.

E os diversos líderes mundiais normalmente entram nesse debate com 10 pedras na mão contra a mary jane. E outros "representantes" - aqueles mesmos lá de Brasília, são os mesmos que estão por trás dos grandes traficantes cariocas e paulistas, gerando a discórdia e os atritos sociais. Até porque Maconha, palavra de origem africana, é planta de Exu, o orixá da comunicação, mais conhecido como o Satanás na visão judaico-cristã. Aí fica difícil fumar o cigarrinho do diabo...

Se o debate é urgente, então que o façamos. Um dos exemplos é o II Seminário Maconha na Roda - Políticas Públicas em diálogo com a sociedade civil, que vai acontecer na Federal da Bahia, nesta semana. Reiterando que TODOS os eventos marcados para esta semana, em todo o mundo, proíbem o uso, manuseio, troca e venda de drogas, devido sua ilicitude. Descriminalizar, legalizar, sei lá. Precisamos é discutir realmente o que acontece em nosso meio.

Precisamos também refletir sobre os males que as drogas causam nas pessoas. Antes de tudo, é um problema de educação e saúde pública. Por exemplo, não existe um debate concreto na formação dos profissionais em saúde: existe sim um inculcamento de que "drogas são ruins; trate os seus pacientes; chame a polícia." Ondes estás tu nessas horas, Ministro da Saúde, Temporão? Passando repelente?

Quantas drogas alucinógenas existem em nosso meio e continuamos a tragá-las diariamente? O que não pode é o que o Ministério Público anda fazendo por todo o país, proibindo as marchas, chamando-as de apologias ou dizendo que são apoiadas por traficantes. Este órgãos vêm sim contrariando a ordem pública pelo simples apelo ao status quo, à manutenção das correntes ideológicas hegemônicas; contrárias ao direito à expressão e debate dos diversos grupos neste país. Hoje o que é buscado é o debate, o diálogo com todos, algo que este governo não permite fazer em diversas áreas. Quem tem medo das palavras?

Ou será que agora só poderemos fazer ONG's "chapa-branca", atos "contra a violência" ou "a favor de Isabella"?

Esta é a opinião do Leleco sobre a Mary. Reitero que este post tem nome, sobrenome, email e apelido e estou utilizando deste espaço democrático para meu livre direito à expressão de idéias e opiniões - até que o MP resolva dizer o que não podemos dizer...

Se tivesse a Marcha em Maceió, eu iria. Ainda, puxaria um (um maluco pra ir comigo...). No mínimo, alguns dirão que estou fazendo apologia. Ainda, que estou aprontando seda. Ou então, verificariam a ponta de meus dedos amarelos e concluiríam que estou queimando tudo até a última ponta.

O que não acho mais conveniente é deixar a fumaça baixar...

PS: Estudemos mais antes de reproduzirmos as idéias e sentenças de outrem!!!

Algumas fontes: novo livro do Gabeira; Revista O Dilúvio; Rádio CBN - Cony e Xexeo; Marcha da Maconha 2008, o filme-musical "Hair", baseado numa peça da Broadway, que fala sobre muitos assuntos na década de 70...


Cada coisa que me aparece...

Retirado do excelente Fazendo Media, que eu recomendo por demais... Nossa "luta cidadã" pela dengue está com mais militantes...

'Proteção divina contra dengue' - 13.04.2008 - 18h52

Quem fez as fotos e o texto abaixo foi o sempre atento cartunista Carlos Latuff, cuja arte anti-imperialista é usada no mundo inteiro. Aqui vai sua denúncia contra mais essa malandragem de uma Igreja que abusa da boa fé de milhões de incautos, distorcendo brutalmente os ensinamentos de Jesus Cristo, que lutou contra os vendilhões do templo, condenou a usura dos banqueiros da época e defendeu uma das teses mais revolucionárias que eu conheço: "Ame o próximo como a si mesmo":

Diante da epidemia de dengue que mata no Rio de Janeiro, muitas soluções tem sido apresentadas. Larvicida, fumacê, tendas de hidratação, hospitais de campanha, anúncios na TV e outdoors na tentativa de esclarecer a população quanto ao combate dos focos do mosquito. Esqueça tudo isso! A salvação está num "óleo santo" distribuído pela notória Igreja Universal do Reino de Deus. Num panfleto intitulado "Proteção divina contra a dengue", a Igreja conclama os incautos a se concentrarem nas dependências da suntuosa "Catedral Mundial da Fé", onde receberão um "cálice com o óleo santo" para que "todos sejam livres desta epidemia". No verso do folheto, um espaço para que o fiel possa listar as pessoas que serão agraciadas com a "oração da proteção".