Estive desde semana passada querendo tecer comentários (alguns sórdidos, outros nem tanto) sobre a
Marcha da Maconha, que se realizará em diversas capitais do mundo neste domingo, dia 04/05.
E, mais um ano se passa e me espanto com tamanho "
desassussego" que o debate sobre a
erva provoca nas pessoas...
Ou então, como diz Gabeira, "
dizer 'maconha' é espalhar um rastro de discórdia".
Pra mim, esse é um debate mais do que necessário. Não apenas sobre a
cannabis - considerada droga "leve" -, como também sobre as drogas lícitas que correm por todas as ruas nas mãos de adultos, gestantes e crianças, cenas já naturalizadas em nosso meio social. O debate deve ser estimulado sobre todo o processo de acovardamento do Estado e de suas políticas públicas, que criminalizam e condenam moralmente o usuário por sua conduta "antisocial". Tratamento? Pra quê?
Até hoje, a discussão científica é complexa, inconclusa e possui diversos interesses... só pra lembrar, no ano 2000, cientistas da Califórnia chegaram à conclusão de que
o fininho dá câncer e cientistas ingleses concluíram que a
ganja cura câncer. Dizem até por aí que
puxar um baseado é melhor que morfina...
Dá pra entender?Ah, e a Constituição dos Estados Unidos foi escrita em papel de
cânhamo - um dos "filhos" da
cannabis... - apesar de plantio proibido. Mas alguns magnatas do eucalipto não podiam ter concorrência nem do
cânhamo, muito menos dos imigrantes mexicanos
chapados que atravessavam a fronteira...
Nos anos 50-60, a situação foi interessante. A erva ascende socialmente, e os filhos da classe média/alta começam a se interessar pelo
fumacê. Houve quem dissesse que os
cigarrinhos provocavam apatia e desmotivação, e que por isso, tendiam à diminuição da produção dos trabalhadores que faziam seu uso. Os jovens, porém, na busca da liberdade, usavam e abusavam dos
bagulhos.
E, em plena época de crescimento absoluto da produção de petróleo, é impossível ao imperialismo pensar que Henry Ford poderia ter pensado e criado um carro movido à
cânhamo...
aperta, puxa, prende... e passa... só...Ah, claro, não precisamos ir tão longe. Os negros africanos, tais quais os mexicanos, sofreram (e sofrem) com o abismo social aqui nesta terra, já que, além de pretos, são
maconheiros sociais.
E os diversos líderes mundiais normalmente entram nesse debate com 10 pedras na mão contra
a mary jane. E outros "representantes" - aqueles mesmos lá de Brasília, são os mesmos que estão por trás dos grandes traficantes cariocas e paulistas, gerando a discórdia e os atritos sociais. Até porque
Maconha, palavra de origem africana, é planta de
Exu, o orixá da comunicação, mais conhecido como o Satanás na visão judaico-cristã. Aí fica difícil fumar
o cigarrinho do diabo...
Se o debate é urgente, então que o façamos. Um dos exemplos é o
II Seminário Maconha na Roda - Políticas Públicas em diálogo com a sociedade civil, que vai acontecer na Federal da Bahia, nesta semana. Reiterando que
TODOS os eventos marcados para esta semana, em todo o mundo,
proíbem o uso, manuseio, troca e venda de drogas, devido sua ilicitude. Descriminalizar, legalizar, sei lá. Precisamos é discutir realmente o que acontece em nosso meio.
Precisamos também refletir sobre os males que as drogas causam nas pessoas. Antes de tudo, é um problema de educação e saúde pública. Por exemplo, não existe um debate concreto na formação dos profissionais em saúde: existe sim um inculcamento de que "drogas são ruins; trate os seus pacientes; chame a polícia
."
Ondes estás tu nessas horas, Ministro da Saúde, Temporão? Passando repelente?Quantas drogas alucinógenas existem em nosso meio e continuamos a
tragá-las diariamente? O que não pode é o que o Ministério Público anda fazendo por todo o país, proibindo as marchas, chamando-as de apologias ou dizendo que são apoiadas por traficantes. Este órgãos vêm sim contrariando a ordem pública pelo simples apelo ao
status quo, à manutenção das correntes ideológicas hegemônicas; contrárias ao direito à
expressão e
debate dos diversos grupos neste país. Hoje o que é buscado é o
debate, o
diálogo com todos, algo que este governo não permite fazer em diversas áreas.
Quem tem medo das palavras?Ou será que agora só poderemos fazer ONG's "chapa-branca", atos "contra a violência" ou "a favor de Isabella"?
Esta é a opinião do Leleco sobre a Mary. Reitero que este post tem nome, sobrenome, email e apelido e estou utilizando deste espaço democrático para meu livre direito à expressão de idéias e opiniões - até que o MP resolva dizer o que não podemos dizer...
Se tivesse a Marcha em
Maceió, eu iria. Ainda,
puxaria um (
um maluco pra ir comigo...). No mínimo, alguns dirão que estou fazendo
apologia. Ainda, que estou aprontando
seda. Ou então, verificariam a
ponta de meus dedos
amarelos e concluiríam que estou
queimando tudo até a última ponta.
O que não acho mais conveniente é deixar a
fumaça baixar...
PS: Estudemos mais antes de reproduzirmos as idéias e sentenças de outrem!!!
Algumas fontes: novo livro do
Gabeira; Revista
O Dilúvio; Rádio CBN -
Cony e Xexeo;
Marcha da Maconha 2008, o filme-musical "
Hair", baseado numa peça da Broadway, que fala sobre muitos assuntos na década de 70...