quarta-feira, 25 de março de 2009

Há dois anos atrás...

"Desabafo
Escrevo por escrever. Comecei a imaginar este texto de uma forma agressiva (estava com raiva), mas agora já esmoreci. Continuo a escrever apenas por ser justamente este o tema. Li na CarosAmigos de fevereiro de 2007, na parte de Caros Leitores, em "Turismo?", um texto que criticava a cidade de Fortaleza por existir turismo sexual e o desenvolvimento do turismo no Brasil como um todo. Como disse, fiquei com raiva. Não sou de Fortaleza, nunca fui à cidade, não sei se um dia chegarei a visitá-la ou, ainda, se isso me interessa. O que fiquei pensando foi que como sempre (mas sempre mesmo) ficamos indignados com as coisas erradas que vemos. Mas, da prostituição infantil ao nosso sistema político brasileiro, não fazemos nada. Falamos apenas. Ou discutimos. Ou deliberamos a respeito. Ou escrevemos para uma revista para mostrar a nossa indignação. Ou tomamos qualquer outra decisão que mostre o quão somos conscientes dos problemas do país, mas que fique apenas como um auto-elogio, do tipo que sirva para mostrar a nossa superioridade diante daquele povinho alienado que gosta de novela. "Novela? Faça-me o favor! Não há nada mais superficial do que aquilo!" Talvez exista. Ou, pelos menos, algo que se iguale. Talvez discutir assuntos políticos num grupo de amigos pseudo-intelectuais (ou até mesmo intelectuais, não sei mais se esta palavra representa algo de positivo), no qual se sabe que não se tomará depois nenhuma atitude concreta, seja tão fútil e besta quanto uma novela. O que quero dizer é que, se o turismo sexual fosse em São Paulo, em vez de Fortaleza, ou em Porto Alegre, ou em Cuiabá, ou em qualquer outra cidade do Brasil, aconteceria exatamente da mesma forma. É porque órgãos do governo federal ou estadual não fazem nada para inibir tal prática? Ou porque as pessoas fingem não ver? Mas me digam uma coisa. E as pessoas que vêem o que fazem? Nada. Nada de útil ao menos. Ficam revoltadas, mas só o tempo suficiente de arranjar alguma outra coisa para fazer. Existe sempre aquele argumento do mas-o-que-é-que-eu-posso-fazer-sozinho, não é mesmo? E, no fim, ninguém faz nada. Mais fácil é dizer que a culpa é do governo. Só dele. O que me faz sentir que o povo brasileiro tem o governo como um bode expiatório... Mas enfim. Eu, como bom brasileiro que sou, já fiz a minha parte. Escrevi para uma revista. Não, meus senhores, não foi uma revista qualquer! Não foi uma daquelas revistas de alienados, não! Foi uma revista que preza o jornalismo independente, sim, senhor! Conclusão: eu sou mesmo um merda!"

http://carosamigos.terra.com.br/nova/ed120/caros_leitores.asp

Um comentário:

Carola Guimarães disse...

Como já diz um ditado: "cão que ladra não morde."
De que adianta falação?

(Y)